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Rondonópolis,12/11/2024

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A estratégia dos EUA no Oriente Médio: pressionar Israel, enfraquecer o Hezbollah e eleger novo presidente libanês

g1.globo.com
A estratégia dos EUA no Oriente Médio: pressionar Israel, enfraquecer o Hezbollah e eleger novo presidente libanês


Os Estados Unidos pressionam por um lado, mas, por outro, consideram que há uma "oportunidade" para mudar a situação interna no Líbano. Míssil atingiu cidade de Karmiel, no norte de Israel
Telegram/Reprodução
Depois de ameaçar Israel de novos ataques se a ofensiva no Líbano continuasse, o Hezbollah efetuou novos disparos contra uma base militar israelense ao norte de Tel Aviv, nesta segunda-feira (14). 
Mesmo reafirmando apoio à causa israelense, os Estados Unidos possuem atualmente uma estratégia mais complexa para a região, com uma tríplice ramificação: pressionar o parceiro em sua ofensiva, sem abrir mão de fragilizar o movimento xiita pró-Irã, além de eleger um novo presidente no Líbano.
Na medida em que a incursão terrestre de Israel no Líbano prossegue, as forças israelenses avançam para uma área três quilômetros acima da fronteira.
Os EUA pedem ao aliado que busque encerrar as operações o quanto antes. No entanto, a cada dia que passa, novos episódios aumentam as críticas internacionais sobre Israel. 
No domingo (13), o Hezbollah matou quatro soldados israelenses e deixou 60 feridos, em um ataque com drone contra uma base militar israelense ao sul de Haifa. O chefe do Estado-Maior israelense, Herzi Halevi, admitiu um ataque “doloroso”, o mais letal desde o início dessa nova frente de guerra em setembro. 
Apoiado pelo Irã e solidário ao Hamas, na Faixa de Gaza, o Hezbollah disse que era apenas uma prévia do que poderá acontecer caso Israel continue a atacar o povo libanês. 
Resgatistas do Hezbollah buscam vítimas entre prédios destruídos em uma rua comercial atingida por ataques aéreos israelenses do último sábado (12), na cidade de Nabatiyeh, no sul do Líbano.
AP Foto/Mohammed Zaatari
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, disse ao ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, que a incursão terrestre no Líbano deve ser encerrada o quanto antes. Desta forma, segundo Austin, as soluções devem ser obtidas pelas vias diplomáticas.
O secretário de imprensa do Pentágono, major-general Pat Ryder, declarou que Austin reafirmou que o compromisso dos EUA com a segurança de Israel é "inabalável e duradouro". 
Quem também se manifestou sobre a possibilidade de uma solução diplomática no norte de Israel e sul do Líbano foi o chefe do Mossad, o serviço secreto israelense, David Barnea. Para ele, qualquer cessar-fogo com o Hezbollah deve incluir também um acordo para a libertação dos reféns mantidos em cativeiro pelo Hamas.
Essa é uma nova tese que deve avançar nos próximos dias: a vinculação por parte de Israel dessas duas arenas sob a perspectiva de uma solução para um acordo que resulte na libertação dos reféns pelo Hamas. 
Os Estados Unidos pressionam por um lado, mas, por outro, consideram que há uma "oportunidade" para mudar a situação interna no Líbano.
Os EUA entendem que este é o momento de solucionar a crise política no Líbano e o caminho seria o enfraquecimento do Hezbollah. Segundo o Wall Street Journal, os EUA contam com o apoio da Arábia Saudita para seguir com o plano.
Líbano “sequestrado pelo Hezbollah”: a estratégia de Netanyahu e dos EUA
Por outro lado, Egito e Catar alertam sobre a possibilidade de uma guerra civil no país e a dificuldade de obter legitimidade interna para essa estratégia, uma vez que a iniciativa tem a aprovação de Israel.
Nos últimos dias, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu gravou um discurso em inglês incentivando os libaneses a retomarem o país. Netanyahu disse que o Líbano foi “sequestrado pelo Hezbollah”.
Benjamin Netanyahu discursa na ONU em 27 de setembro de 2024
Reuters/Eduardo Munoz
Os países da região temem que a promoção de um candidato ao cargo de presidente possa reacender a guerra dentro do Líbano. Anos de esforços com o apoio dos EUA para impor reformas no sistema de governo produziram apenas pequenas alterações.
Autoridades norte-americanas e de países árabes confirmaram a visão do governo dos EUA. Por um lado, portanto, há um apelo público por parte de Washington para um acordo rápido que seja capaz de encerrar a guerra. Por outro, a série de ataques israelenses que incluem a eliminação da cadeia de comando do Hezbollah é considerada uma oportunidade para enfraquecer decisivamente a milícia xiita libanesa e sua influência no país.
EUA conversa com países árabes para tentar eleger novo presidente libanês
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, manteve conversas com lideranças dos três países (Arábia Saudita, Catar e Egito) e pediu apoio à eleição de um novo presidente no Líbano, que atravessa uma longa crise política anterior à guerra atual.
Amos Hochstein, o enviado especial do presidente Joe Biden para a região, disse às autoridades árabes que o enfraquecimento do Hezbollah deveria ser visto como uma oportunidade para encerrar o impasse político libanês.
O Parlamento do país tentou 13 vezes – e falhou em todas – chegar a um acordo para a eleição de um presidente desde o fim do mandato de Michel Aoun, em 31 de outubro de 2022.
Enquanto isso, Israel entrou em confronto com as tropas da ONU e agora pediu, explicitamente, para que os soldados das forças das Nações Unidas deixarem o sul do Líbano.
Tropas de Israel em confronto com o Hezbollah no sul do Líbano atingiram também soldados das Forças de Paz da ONU, a Unifil. Ao menos três soldados das Nações Unidas ficaram feridos.
O episódio levou Israel a receber forte condenação de mais de 40 países, que cederam soldados para as tropas. 
Israel demorou a responder, embora tenha dito que iria realizar uma investigação. A demora ocorreu também porque o episódio aconteceu durante o Yom Kippur, o dia do perdão, o feriado mais sagrado do calendário judaico. 
Posteriormente, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, conversou com o seu homólogo norte-americano, o secretário de Defesa Lloyd Austin, que expressou “profunda preocupação com os relatos de que as forças israelenses dispararam contra tropas da Unifil”. 
Gallant respondeu que “o Hezbollah opera e atira nas proximidades de posições da Unifil, usando missões de manutenção da paz como cobertura para suas atividades terroristas”. Ele também afirmou que o Exército vai continuar a tomar medidas para evitar danos às forças da ONU.
Membros das forças de paz da ONU (Unifil) observam a fronteira entre o Líbano e Israel, sobre uma torre de vigilância na cidade de Marwahin, no sul do Líbano, em 12 de outubro de 2023.
REUTERS/Thaier Al-Sudani
"Escudo humano"
No domingo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, gravou um pronunciamento em que se dirigiu ao secretário-geral da ONU, António Guterres. No discurso, Netanyahu pede a retirada das forças da ONU da zona de combate.
"Chegou a hora de vocês removerem a Unifil das áreas de combate do Hezbollah. As forças israelenses pediram isso repetidamente, e receberam repetidas recusas; todas com o objetivo de fornecer um escudo humano aos terroristas do Hezbollah. A sua recusa em retirar os soldados da Unifil os torna reféns do Hezbollah", disse o premiê. 
Em outro episódio no Líbano, dois tanques de Israel entraram numa base da Unifil às 4h30 da manhã e exigiram que as luzes fossem apagadas. Os israelenses deixaram o local após 45 minutos.
Duas horas depois, bombas de gás caíram a cerca de 100 metros da base, liberando fumaça que causou irritação na pele e reações gastrointestinais em 15 soldados da ONU.
Mais tarde, a imprensa de Israel citou um oficial do país que classificou os episódios como "erros que estão sob investigação". Segundo este oficial, não há qualquer ordem dada ao Exército para pressionar a Unifil a abandonar as áreas de combate no sul do Líbano recorrendo à força militar ou ameaças.




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